sábado, 2 de julho de 2011

UM LIVRO, UMA HISTÓRIA E O MUNDO INTEIRO

Na escola, Álvaro da Matta foi solicitado a produzir um texto que contasse sobre alguém, um livro, um filme... que tivesse grande influência sobre a sua formação, suas escolhas... Aqui, Alvinho, hoje com 17 anos, revela as lembranças do rico convívio com a sua tia Regina Martins da Matta e o quanto tudo isso colaborou para que ele crescesse, amadurecesse e se tornasse uma pessoa tão bonita e com tanta coisa boa para compartilhar com o mundo.


"A mente voando, o mundo girando, eu passo mais de uma hora olhando a última página do livro O Pequeno Príncipe. Então eu lembro do dia em que o recebi da minha tia Regina. Quando ela me contou a história pela primeira vez eu me senti como o pequeno príncipe, pequeno e imaginativo com o mundo inteiro para descobrir. Minha tia me introduziu ao mundo dos livros e a tudo que eu poderia aprender com eles. Na casa dela havia estantes do chão até o teto preenchidas com velhos livros de capa dura, empoeirados e de todos os gêneros e línguas. Ela definitivamente amava a literatura e a todos os outros tipos de arte.

Meu irmão e eu costumávamos ir com uma considerável frequência à sua casa e essa era a faísca de fantasia na semana. Lá havia uma caixa cheia de brinquedos do último século com os quais eu brincava por horas. Depois disso, tendo-nos ao seu redor ela costumava contar histórias que eu lembro até hoje. No final do dia, pra não desobedecer a rotina, comíamos um pouco de torta e ela me deixava levar um livro da estante. Na hora de ir embora, eu implorava para minha mãe para voltar no dia seguinte.

Estou absolutamente certo que foi durante essas tardes que eu desenvolvi minha paixão pelas artes. Foi a motivação da minha tia, mais que qualquer outro fator, que me faz amar a leitura. É com música, literatura e artes que estou aprendendo as coisas mais extraordinárias da vida. Aprendi sobre o amor, o sentimento mais profundo, complexo, simples e que deveria guiar nossas decisões e escolhas. Aprendi sobre o conhecimento, que deve ser sempre bem-vindo e há de ser sempre útil. Aprendi sobre justiça, que nunca sera perfeita até se juntar ao respeito. Contudo, foi diretamente com a minha tia que aprendi que nunca sabemos tudo. Há sempre algo de novo para aprender. Quanto mais fundo nós cavamos na arte do saber mais afogados ficamos na arte do não saber.

Alguns anos atrás minha tia faleceu, deixando uma enorme riqueza em livros. Ela costumava carregar um livro para todo lugar. Eu trouxe O Pequeno Príncipe comigo no avião quando vim para os EUA e quando o releio eu percebo mais um detalhe, o vejo com um olhar diferente. Pra mim, isso mostra como a gente evolui com o passar do tempo. Eu desejo que um dia eu consiga reunir tanto conhecimento quanto minha tia e transformar isso em felicidade assim como ela fez com a vida de todos ao redor dela".

2 comentários:

  1. Que lindo, isso! Acho que eu ia gostar de conhecer Regina.. Liz

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  2. Sara, as fotos ficaram ótimas e acho que esta colorida deve ter sido uma das últimas e muito ela, mesmo. A emoção me invade sempre que falo ou leio este texto. Valeu!!! bjs, Leninha

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