sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dias de adiar




Há dias
em que tudo o que eu queria
era a companhia de quem 
só me desse silêncios.
Não carecia durar. Dispenso a eternidade.
É que há dias 
em que a vida, fingida
passa por mim e nem liga.
Faz de conta que não me conhece.
Me esquece.
E são nesses dias,
que eu queria alguém inteiro,
que não me repassasse e-mails
cheios de vazios
nem me telefonasse
arrombando meus ouvidos
com palavras tetra-chaves
ou conselhos paulocoelhos.
Alguém que soubesse que a vida
é feita inclusive de dias assim.
Dias em que se cala
e se dorme juntinho
no sofá da sala
ouvindo B.B. King.
Porque há dias, meu amigo, 
que até os poemas de amor são doloridos.

(Marilda Confortin)

Um comentário:

  1. Um belo espécime da Marília Confortin. Poema com lirismo e modernidade. E o B. B. King final me soou como um blues ao meu ouvido.

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