sábado, 28 de novembro de 2009

"As pessoas estão desbussoladas..."‏



                                       Foto: www.abc.net.au/reslib/200711/r200699_768610.jpg
Trechos da entrevista com o psicanalista Marcelo Veras que fala sobre as relações humanas da contemporaneidade e decreta que o amor cortês acabou. Sem fazer juízo de valor, em momento algum, ele alerta para o fato de que estamos caminhando para a solidão.

"As relações hoje são líquidas, tudo se tornou muito rápido, muito fluido. O tempo é muito rápido. Estamos numa hipermodernidade que nos cobra rapidez, eficiência, velocidade e se suporta muito pouco a frustração de um parceiro. Existe a ideia de que uma coisa pode, rapidamente, ser trocada por outra. Vivemos numa liberação sexual na qual tudo é permitido. Tenho casos no meu consultório de homens que conseguem ter todas as mulheres que desejam, mas não conseguem ficar com nenhuma. O grande sofrimento deles é não se fixar em uma mulher só". [...]
Os amantes, de René Magritte
"Nós já estamos num mundo onde há muita solidão. E é um mundo em que a gente deve estar muito atento para ele, que é muito particular, porque é a solidão entre muitos. O que faz a verdadeira troca social é a possibilidade que temos de suportar o outro com as suas diferenças. Existe uma modalidade de solidão em grupo que tem uma certa tendência à segregação. É a 'guetificação' dos meios, onde eu só consigo me sentir em grupo dentro da minha tribo".
"O que me preocupa é que vivemos num mundo onde há um imperativo de felicidade. A doutrina da felicidade ligada ao sucesso e à ideia de que alguém que não esteja feliz está errada. Mas hoje as pessoas se acostumaram a confundir tristeza com depressão. Pois é, mas a depressão é uma doença séria, que não pode ser banalizada, transformando todo mundo numa comunidade deprimida. Exatamente porque é muito séria. Não podemos nivelar por baixo ou, como já foi proposto certa feita, que determinados remédios fizessem parte da composição da água da cidade, como o flúor, por exemplo".

FONTE: http://revistamuito.atarde.com.br/?p=3620

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