sábado, 8 de maio de 2010

Imperdível ROSEIRAL!

"José Inácio Vieira de Melo renova-se ao mirar o passado com olhos futuristas".
O poeta José Inácio Vieira de Melo molda sua poética com os elementos mais íntimos de sua formação: a terra, os cactus, os bois. Naturalmente que nesta linha segue as trilhas abertas por poetas tão longínquos, quanto esquecidos – Inácio da Catingueira, Severino Pinto, Zé da Luz.

A diferença é que sua poesia se projeta para além do chão, sai da base e ganha outras transcendências ao resvalar em cantares mais formalmente elaborados, ao adicionar novas inquietações culturais, ao se surpreender pelos novos choques da vida, ao incorporar outras tantas dimensões humanas.
Em seu mais recente livro, Roseiral, lançado pela Escrituras, o poeta parte de um choque: a vida que chega aos quarenta anos. Depois do choque vêm as imagens – rosas abertas, mandacarus floridos, feridos em suas asperezas. E só daí brotam os poemas que em absoluto são filhos de ingênuas inspirações. Há o ritmo natural e aparentemente espontâneo dos improvisadores primitivos, dos cantores de gestas, mas há também um formalismo latente, vivo, trabalhado com minúcia, pois do contrário seria impossível escrever com tamanha força:

“E a voz do poeta rompe / a cera dos ouvidos, leva o mel // ou a pimenta às vísceras abertas / do sentimento.”
[...] Inácio amolega a terra agreste das Alagoas, toma impulso para entender o mundo e se volta para a intimidade do sentimento. E isto não se traduz como retrocesso.
Por vias contrárias, seu Roseiral dá um passo a mais na direção do infinito exatamente por se fazer introspectivo e buscar a universalidade que todo homem carrega na alma. E daí o balanço necessário, o inventário de uma vivência preenchida por medos e certezas:
 “Assim é a casa dos meus quarenta anos, / assombrada e sóbria como um bacurau.”
Imagem:magobandoleiro.blogspot.com/
[...] Ele escreve:
“ [...] guardador de rebanhos, vou debulhando o meu rosário / encostado no mourão da cancela, contando minhas reses / todos os dias, muitas vezes, com a cabeça no meio do planeta.”
Por Maurício Melo Júnior
http://www.verbo21.com.br/

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