segunda-feira, 30 de agosto de 2010

                                                 Foto: Regina Bentes
"Já começo a cansar
de caminhar em vão
não encontram
meu pés,
minhas mãos,
a Escola onde
devo cantar
minha canção".
Neruda

No ato reflexivo nascido da leitura da  poética  de Pablo Neruda, ouso complementar: a Escola, mais do que nunca, necessita  cumprir papéis humanísticos na sistematização e reconstrução do saber produzido até o tempo de agora. Em especial, na promoção de oportunidades de interiorização, socialização de saberes e autoconhecimento! E, assim, constituir-se, enfim, num território de abertura para a diversidade, num lugar de partilha e de reflexão individual e coletiva, num locus de mediação da cultura, num cenário socioeducacional propiciador de dinâmicas de transformação humana e social participadas. Nesses processos interculturais, associados ao espaço cultural da cidade, tornar-se capaz de "[...] demonstrar a conexão ente crisântemos e espadas". (GEERTZ).

Há urgência em trazer para a ação cotidiana escolar a revisão de atitudes individuais e coletivas, dando centralidade à vida, ao aprender, à ética do aprender em novos territórios - nos entrelugares – e, com isso, encontrar motivações para, penetrando pelas fissuras do sistema, purgar a ansiedade, a mediocridade e a banalização a que a existência está submetida em muitas instâncias.
Nessas ações conscientes, há premências em  transfigurar a realidade como potencializadora das capacidades de afirmação da vida e agir - numa práxis do movimento relacionado à linguagem -  na direção de gerar condições favoráveis de desenvolvimento autorreflexivo,  a renovação do padrão de convivência entre as pessoas na ampliação de questionamentos, argumentações e contra-argumentações, libertando-as de limites atávicos que, porventura, as prendam em estreitos limites. 
Nessa constituição, o ambiente escolar, ao tornar-se  capaz de comungar profundamente com a Arte e a arte de sobreviver,  poderá  desenvolver / potencializar, de modo crescentemente harmônico, as percepções humanas, organizar os elementos percebidos, empreender ações visando o interrelacionamento das ações humanas com os fenômenos naturais e vivenciais/cotidianos.
Finalmente, uma Escola com possibilidades de potencializar as singularidades, ampliar a geração de pessoas que não passem por privações culturais, que se sintam mais integradas, conscientes  e, de modos muito real e sutil, construtoras de felicidade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário