Capoeira
Jogo da vida,
do prazer.
É malandragem,
é saber.
Olhe a queixada, o aú e o rolê.
Jogo do risco,
da coragem de viver.
É festa da arte,
Criatividade minha e sua.
Olhe a armada, o mortal e a meia-lua.
Jogo do movimento,
da expressão orgânica.
É luta, brincadeira,
é interação.
Olhe a mandinga, a rasteira e a benção.
É cultura, é diversão.
É liberdade, é redenção.
É sentimento e emoção.
Iê, capoeira.
Saudação.
Grande ícone da riqueza cultural afro-brasileira, a capoeira saúda hoje e sempre o "camará" Zumbi, em especial, nesse dia dedicado à consciência negra.
Criada no Brasil a partir da união de múltiplas manifestações culturais de povos africanos escravizados, a capoeira ganhou o mundo. Sua presença é uma das marcas mais fortes da Bahia e este protagonismo se dá pela presença dos movimentos em duas grandes escolas - a angola e a regional - sob as batutas de dois grandes mestres: Pastinha e Bimba.
A trajetória de resistência do povo negro foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira em 2008 pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Nesse movimento, a capoeira como dança, luta e jogo reúne, em si, a conexão entre culturas diferentes e ressalta o respeito que deve existir entre elas. Segundo Nepomuceno,
"Na Capoeira aprende-se a enfrentar e superar muitas dificuldades e situações, o praticante está sempre descobrindo como se colocar nas mais inusitadas e inesperadas circunstâncias, aprende como escapar aos mais variados obstáculos e barreiras, esta sempre trabalhando sua expressão corporal, sua agilidade, sua destreza, sua flexibilidade, criatividade e espontaneidade. Cada aspecto ou característica pessoal trabalhada terá um reflexo na vida do indivíduo, que passa a encarar o mundo e a vida, suas dificuldades e obstáculos, de uma nova forma, com uma postura bem diferente".
A atuação dos mestres baianos Pastinha e Bimba criaram, em suas Academias, metodologias específicas de ensino e disciplina.
Tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Mestre Pastinha e a tristeza de constatar, nos idos dos anos sssenta, a pouca importãncia que lhe davam, pessoalmente, como um dos ícones da cultura afro-brasileira.
Tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Mestre Pastinha e a tristeza de constatar, nos idos dos anos sssenta, a pouca importãncia que lhe davam, pessoalmente, como um dos ícones da cultura afro-brasileira.
Mestre Pastinha. Imagem: wwwgingabrasilcapoeira.blogspot.com
No currículo escolar a capoeira precisa ganhar um espaço mais amplo, dada a sua importância e contribuição para a saúde integral do ser humano, além dos aspectos relevantes relacionados à sua representação cultural. Sabe-se que ela proporciona à pessoa uma ativação preciosa de sua percepção de si, de mundo e do outro. Na roda, há uma tendência de ativar os sentidos humanos, sua cognição é mobilizada e a expressão corporal amplia possibilidades de descarregar as tensões que deixam rígido o corpo.
Há uma necessidade de se estudar e ressignificar determinados conceitos como constituição de processo identitário, diferença e resistência e a capoeira oferece um vasto campo para isto. Inclusive, uma boa forma de iniciar uma discussão acerca da capoeira poderá se dar através da exibição de filmes feitos em épocas diferentes como Barravento (Glauber Rocha, 1961) e Besouro (João Daniel Tikhomiroff, 2009).
"Sem dúvida, a vivência da capoeira é uma experiência ímpar!"
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