sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DA PREGUIÇA

Construo o amanhã
do jeito que dá:
é o sonho que tem pernas
e me leva pro lado de lá

não mexo na pedra
que atrapalha o caminho,
nem troco a palavra
que confunde o poema:
é o ponteiro das horas
quem apressa meu caminhar

construo o dia de amanhã
com o pouco que o hoje me dá:
é o canto atrapalhado do galo
quem diz a hora de acordar

não dou corda
no relógio parado,
nem reclamo se o coração dispara:
há um buraco na parede da memória
e por ele me fugiram algumas lembranças
e também se foi o ponteiro das horas.

© ADEMIR ANTONIO BACCA
Da antologia “Poesia do Brasil” – Volume 12

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