segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

UM NOVO COMEÇO


Há especulações apocalípticas variadas, em torno do final do ciclo do Calendário da civilização Maia - um manuscrito do século XVII, descoberto nos anos 1990 na Biblioteca Nacional da Itália. Neste, há desenhos que mostram um alinhamento galático, que ocorre a cada 26 mil anos, com previsões de perturbações no campo eletromagnético da Terra, sendo que o próximo voltaria a acontecer em 21 de dezembro de 2012.


Ao contestar discursos apocalípticos, astrônomos e estudiosos do legado maia afirmam que não se justificam alardes, nem apreensões excepcionais, desde que "a vida não é governada por profecias". Aqueles que se dedicam a pesquisas metafísicas partilham fatos comprobatórios de que os maias não previram o fim do mundo material, mas sinalizaram para um fim de um ciclo, início de outro. E, embora não se saiba claramente de que modos isso poderá ocorrer, não há como negar que já se vive uma grandiosa crise planetária e existencial, em cujo cerne há indicativos de que uma renovada cosmovisão poderá se sobrepor  a uma onda materialista e violenta - e esta dá indícios de vir marcada por relações mais estreitas entre a ciência e a espiritualidade.  

No cerne desta grave crise, as pessoas  parecem estar sendo impulsionadas, ainda que compulsoriamente, pelas dores, físicas e morais, a encarar processos de revisão individual e coletiva, num sentido metamórfico. Nessa direção, Edgar Morin (2011) nos esclarece:

"Quando um sistema é incapaz de tratar seus problemas vitais e fundamentais, ou ele se desintegra, ou encontra em si próprio a capacidade de produzir uma metamorfose. Ou seja, de criar um metassistema novo e mais rico." 
                                                                        Vânia Medeiros

Ou seja: nesse tempo presente, já não são apenas as entranhas da Terra que se revolvem esporadicamente. É fato que a humanidade inquieta-se, há um desasossego diante de novas e antigas mazelas, reais "caminhos de pedras"...  Nas dores, vivencia uma tendência natural de se atentar para valores essenciais e, excepcionalmente, acionar  forças regenerativas capazes de criar sintonias com ritmos mais integradores e harmônicos, em si, em seu entorno... Se do caos vai-se à ordem,  poderemos pressagiar - no cerne dessa gigantesca  crise planetária que se amplifica, se aprofunda - o seu antídoto regenerador... 


Assim, se as crises como "as dores de partos" de uma renovada etapa evolutiva podem trazer, em si, abundantes oportunidades, a hora é de aproveitá-las e apressar a reforma do pensamento, as ações cotidianas num sentido humanitário, a gerar um novo jeito de viver e de encarar as relações. Aos poucos, parece ser possível criar-se perspectivas de novas sínteses, de renovados modos de a vida florescer crescentemente pautada em mais amor/harmonia, na equidade, numa nova ordem, enfim... É altamente saudável, neste momento, ter a consciência de que esta construção não se dará de modo externo, absolutamente!


Em vista das imprevisibilidades e da complexidade que nos apontam os referidos processos de renovação - que parecem já se encontrar em curso - cabe a cada um de nós, se perguntar:  estou consciente da emergência de fazer de 2012 um ano de superações e de transformações individuais e no entorno de mim? Onde (quando e como) poderei contribuir, pessoalmente, para uma nova consciência planetária, para uma revisão profunda nos valores societários? De que modos posso, nesse presente tão conturbado, contribuir para a urgência de novos amanheceres? Como posso ser e fazer mais pessoas felizes?

Referência:
MORIN, Edgar. Rumo ao abismo? Ensaio sobre o destino da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

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