sábado, 14 de novembro de 2009

Grupo Chula de São Braz apresenta samba de roda no Centro de Cultura, em Jequié


"Eu trabalho o ano inteiro
Na estiva de São Paulo
Só pra passar fevereiro em Santo Amaro
Só pra passar fevereiro em Santo Amaro".
[Tarasca Guidon, Waly Salomão]
Já referenciado por artistas como Maria Bethânia, Roberto Mendes e Antônio Nóbrega, o grupo Samba Chula de São Braz faz um show de lançamento do seu disco no Centro de Cultura ACM, no próximo domingo, dia 15, a partir das 20 horas (73 3526-8048). Este grupo é um dos poucos representantes da chula cantada no samba de roda e samba rural, no Recôncavo e na Caatinga baiana e um dos tesouros da tradição oral de matriz africana no país. Programa cultural imperdível, portanto.

O grupo Samba Chula de São Braz vem mostrando pelo país afora a riqueza cultural do samba de roda. Os cantadores nascidos na pequena vila de São Braz, em Santo Amaro-Ba, lançam agora seu primeiro CD solo: "Quando Dou Minha Risada, Há Há..." O álbum vem recheado de faixas alegres e coloridas, em ritmo de chula, samba corrido, capella e marcha. Ao mesmo tempo em que cantam a labuta do dia a dia, os sambadores se soltam em cantigas lúdicas e eróticas, contam piadas e ironizam situações sensuais e tragicômicas da vida. Ainda no CD, participação especial do cantor e compositor Raimundo Sodré.

Os instrumentos são de percussão, como atabaque e pandeiro, mas também há as cordas, entre elas a viola portuguesa, ou viola-de-machete. A melodia em geral é alegre, e as letras das canções são em parte auto-referentes ao ter como tema principal o samba e o contexto urbano em que se realiza. Louvações a santos e à natureza também povoam um repertório tradicional.

Patrimônio Histórico

Em novembro de 2005 o samba de roda do Recôncavo baiano foi declarado, pela UNESCO, como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. O título veio um ano depois de o samba-de-roda ter se tornado patrimônio imaterial brasileiro, por meio do Iphan. Nesse meio tempo, boa parte do repertório do Recôncavo foi registrada no CD-catálogo Samba de Roda - Patrimônio da Humanidade.
O inventário do Iphan, para a patrimonialização dessa expressão artística, dá como data inaugural do samba-de-roda o ano de 1860, o que o vincula necessariamente à etapa final da escravidão no país. Arte de senzala, portanto, ele estava intimamente ligado às línguas e aos cultos africanos e também à capoeira. A língua portuguesa, com sua poética e melodia da fala, se faz presente nas letras e na dolência do canto.
"Quanto mais a gente ensina/Mais aprende o que ensinou/Ê ah, ê ô/Ê ah, ê ô". (Filosofia Pura, Roberto Mendes/Jorge Portugal).
Mais do que um ritmo ou coreografia, o samba-de-roda é um ritual comunitário, um acontecimento social que reúne em longas sessões, regadas a fartos banquetes, senhores e senhoras, seus filhos, seus netos. Diferentemente da forma de dançar o samba em outras partes do país, como o samba carioca, marcado por movimentação corporal mais frenética, o samba-de-roda se dança em modo "miudinho", com o tronco quase imóvel, os movimentos dos membros inferiores e do quadril curtos, enquanto os pés compassadamente vão desenhando círculos em torno da roda de sambistas.

Fontes:http://www.jornalfoco.com.br/noticia-11229.shtmlhttp://www.sombarato.org/node/70

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