segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Jean Baudrillard



O pensador francês Jean Baudrillard, desencarnou em 2007, aos 76 anos, sendo considerado muito considerado no cenário intelectual contemporâneo. Em setembro de 2005 concedeu uma entrevista à Revista CULT (N. 95) na qual ele toca em questões muito  importantes.

Considero como o ponto alto de sua entrevista a sua referência ao processo de banalização como doença do mundo. Como patologia, ele diz, das mais perigosas: a banalização da violência, por exemplo, tem algo mais terrível?! Ele fala textualmente:

"[...] Mais o sistema se globaliza, mais cria discriminações". E nas discriminações não se encontram as sementes da violência que assola o mundo contemporâneo?

Nessa direção, ele coloca como pano de fundo a discussão acerca da globalização que homogeneiza, rompe com a singularidade do humano e das relações ameaçando seriamente "[...] o pensamento no sentido reflexivo, paradoxal, e mesmo a ironia [...]." Adiante, ele diz sabiamente que "[...] tudo isso encolheu e (o mundo) está seriamente ameaçado". É como se ele dissesse que a reflexividade intencional, estando em baixa, cede espaço à fragmentação, ao radicalismo, à alienação...

Nas suas palavras, de algum modo, ele conclama o ser humano a agir como "[...] um ativo pensador diante dos absurdos do cotidiano e da irrealidade das coisas [...]." E concita esse ser "[...] a viver numa espécie de reserva mental, num universo paralelo estando inserido na contemporaneidade (buscando estar atento ao movimento de banalização da vida, portanto).  Em seguida ele se refere a um "[...] mundo selvagem que escapa a essa espécie de intoxicação universal [...]" onde, (quem sabe?) poderia se tornar possível a utilização de "[...] uma tática existencial [...]" voltada para a vivência dessa singularização do humano. Finalmente, diz: "O Brasil, não tanto Lula, permanece como um ponto de esperança..."

Vale conferir:

CULT - Como o senhor vê um país como o Brasil e sua cultura no processo de hegemonia e de "canibalização" do qual fala?
J.B. - O Brasil permanece como uma forma utópica, talvez, mas simbólica, com uma energia simbólica. Mais do que a Amazônia como reserva ecológica, vejo o Brasil como reserva simbólica. Ainda acredito nisso. A política no Brasil vive um momento difícil, mas não é isso que conta mais. Vejo nessa forma de Carnaval-canibal uma espécie de potencial canibalesco, que é uma força adversa, uma estratégia de absorção antagonista em relação à essa potência mundial. Acredito ainda nessa carnavalização do mundo, como um simulacro universal, mas a canibalização como uma reação, uma reversão, uma retomada potencialmente violenta, mas não necessariamente. O Brasil, não tanto Lula, permanece como um ponto de esperança.

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