quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ESTUDO DA UNESCO APONTA DEFICIÊNCIAS NO SETOR EDUCACIONAL BRASILEIRO


                                 Imagem: http://4.bp.blogspot.com/
O mais abrangente balanço anual sobre o acesso e a qualidade do ensino faz um alerta: os governos precisam se responsabilizar mais pela gestão da escola pública e este recado parece feito sob medida para o Brasil.

Vamos aos dados: o Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), brasileiro, com resultado 0,883 (a nota varia de 0 a 1, sendo 1 a mais alta) foi apontado pelo relatório Educação para Todos, divulgado nesta terça-feira (19/1) pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).  

O relatório da UNESCO, que envolve 128 nações, demonstra que  o Brasil está atrás do Paraguai, Equador, Bolívia e Argentina e aponta três fatores que influenciam o resultado das crianças e a permanência na escola:
  • a necessidade de identificar, nos primeiros anos de escolaridade, o quanto a criança está aprendendo e tomar medidas para sanar as dificuldades;
  • ter escolas com um mínimo de infraestrutura física e um bom ambiente escolar;
  • um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas seja de aprendizagem efetiva.
Em nenhum deles o Brasil pode servir de exemplo.

Dos quatro dados utilizados pela Unesco, o Brasil vai bem em três e tem resultados acima de 0,900 - o mínimo para ser considerado de alto desenvolvimento educacional. São bons os números de atendimento universal, analfabetismo e igualdade de acesso à escola entre meninos e meninas. Já quando se analisa o índice que calcula quantas crianças que entram na 1ª série do ensino fundamental e concluem a 5ª série, o país cai para 0,756, um baixo IDE.

Segundo Nicole Bella, analista de políticas da Unesco, em Paris e, uma das responsáveis pelo relatório no Brasil...

"A reprovação e a retenção escolar, assim como a qualidade da educação, atrapalham o progresso do país".
Por exemplo, na rede pública, a média de horas de aula por dia é de 4,5 no ensino fundamental e 4,3 no ensino médio, quando seriam necessárias ao menos 6. Mais de 17,8 mil escolas não têm energia elétrica e só 37% possuem bibliotecas. Para Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo:
"Este é o resultado do descaso. Há anos os governantes no Brasil só falam sobre a importância da educação, mas não aumentam o investimento”.
O Brasil investe hoje 5% do PIB na área. A Unesco recomenda ao menos 6% na América Latina. Para Célio da Cunha, professor da Universidade de Brasília e consultor da Unesco no Brasil, o país só vai começar a melhorar quando cumprir essa meta. Ele afirma:

“Infelizmente, parece mais fácil jogar a culpa nos alunos”.
A reprovação seguida de abandono é sintoma de uma perigosa cultura enraizada na escola pública: o responsável pelo fracasso é sempre o aluno, que não prestou atenção na aula. Ou sua família, que não valoriza a educação. Para a educadora Ângela Soligo, da Unicamp, o país "investe de mais em avaliação e de menos na melhoria da qualidade".

“As escolas são responsáveis pelo aprendizado. Todos têm condição de aprender, nós é que não estamos em condições de ensinar”, afirma Cunha.
O Ministério da Educação, ao tomar conhecimento desses dados, informou que ainda vai analisar o relatório, mas, inicialmente, considerou os números "estranhos" porque houve a ampliação do ensino fundamental para nove anos e queda na evasão. Na realidade, é preciso que, o MEC, não apenas analise, mas enfim tome as medidas urgentes e necessárias para a melhoria dessa situação  que já vem perdurando muito.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca

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