Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam o nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Eduardo Alves
Eduardo Alves
Este poema é maravilhoso!
ResponderExcluirConsegue sintetizar toda a brutalidade da opressão e das maquinações escuras do Poder.
Recitava ele com meu grupo de poetas, lá nos idos dos anos noventa.
Tenho inclusive este livro e sei da celeuma atribuindo este poema, erroneamente, a Maiacoviski.
Bom trazê-lo, aqui.
Abraço.
Ricardo Mainieri