quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A SOLIDÃO E SUA PORTA

                                   Imagem: Marcelo Dalla                                         
                                           Quando mais nada resistir que valha a pena 
                                                de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha).
Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.

Carlos Pena Filho
(1929-1960)

Nenhum comentário:

Postar um comentário